Opinião Anderson Eliziário – Apesar da incrível sensação de que estamos vivenciando uma maior coletividade, já que, em tese, o alcance ou o acesso às redes sociais nos traz essa possibilidade de que é possível “sermos ouvidos” e de que somos capazes de mobilizar ou influenciar usando, talvez, o grande termo dessa fase que vivemos nesse período digital. O indivíduo, o particular, o singular também está em evidência. Ou melhor, ele sempre esteve, mas acaba por ficar mais escancarado com toda essa visibilidade que estamos nos deparando. Respeito a complexidade que envolve a nossa vida em sociedade.
Desde que um amigo professor me apresentou o exemplo de Jesus expulsando cambistas do Templo de Jerusalém. Após o exemplo, ele perguntou: Naquele momento, Jesus estava com raiva, revoltado e violento? – Respondi, sim. E ele continuou: Mas, conhecendo a história de Jesus, aquele episódio, aquele único episódio, poderia classificar Jesus como sendo uma pessoa violenta, raivosa e revoltada? – Respondi que não. Ele então falou: Isso se chama complexidade.
Se você chegou até aqui, vou te dar outra realidade. Imagine que você é uma pessoa que não teve muitas oportunidades em sua vida, ou que você seja um chefe ou a chefe de uma família e esteja desempregado, ou que esteja em situação de vulnerabilidade precisando de saúde, educação, transporte, moradia, em qualquer uma dessas situações, você iria precisar de ajuda. Você iria precisar de assistência.
Pessoas nessas situações apresentadas, elas não dão espaço para o senso crítico do que precisamos para o coletivo ou para a comunidade a que pertencemos. Elas recorrem a um dos instintos mais primitivos da raça humana: o instinto de sobrevivência.
Quem é que você conhece que não aproveita o período eleitoral para conseguir algo que ela vem buscando há muito tempo ou que conseguiu e se sente na obrigação de compensar aquele que lhe prestou assistência no momento em que ela precisava? A logística desse sistema é inimiga dessas pessoas. Quanto mais você precisa do básico, quanto mais você dependa de alguém para ter acesso a coisas que outras pessoas possuem com tanta facilidade, mais a roda gira e muita gente se perpetua em posição de poder ou chega até o poder.
Mas isso, isso é uma situação complexa que me faz te perguntar: por que você vai votar em quem você escolheu votar?
É uma pergunta importante porque busco propor a você autoconhecimento e sinceridade consigo mesmo. E também para mostrar a você que muitas vezes, a defesa pode transparecer que seja pelo bem do coletivo, mas, no fundo, é pelo bem individual.
Mas, isso é complexo!